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Stroheim, Ouro e Maldição
18 de agosto de 2024

A partir de terça-feira, 27 de agosto, a Cinemateca Capitólio celebra o centenário de uma obra mítica da história do cinema com a mostra especial Stroheim, Ouro e Maldição.

Lenda do cinema, Ouro e Maldição, filme dirigido por Erich von Stroheim a partir do romance McTeague (1899), de Frank Norris, foi lançado em 1924. Tomado pela ambição, à beira dos quarenta anos,  o diretor austríaco radicado nos EUA rodou 446 rolos de película para narrar a história de McTeague, Marcus, Trina e um bilhete premiado de loteria. Recusada pelo estúdio MGM, a primeira versão tinha mais de 8 horas de duração. A segunda, com 4 horas, também foi vetada. Stroheim perdeu completamente a autonomia do material e o filme foi lançado pela MGM, contra sua vontade, em um corte de 130 minutos. Fracasso comercial renegado pelo diretor, Ouro e Maldição aos poucos ganhou reconhecimento, tornando-se uma das obras mais reverenciadas em todos os tempos.

Dividida em três focos, a mostra Stroheim, Ouro e Maldição tem apoio da Cinemateca do MAM, da Programadora Brasil, da Cinemateca da Embaixada da França, do Institut Français e da Versátil Filmes.

 

STROHEIM

No foco dedicado a Erich von Stroheim, a mostra apresenta uma sessão especial gratuita no sábado, 31 de agosto, às 18h30, de Ouro e Maldição, na versão mais próxima daquela que foi lançada nos cinemas em 1924, e filmes que contam com seu trabalho em diferentes áreas (direção, roteiro e atuação), incluindo Crepúsculo dos Deuses, noir fantasmagórico de Billy Wilder e A Boneca do Diabo, o último longa de horror dirigido pelo mestre Tod Browning.

OURO  

No foco Ouro, a Cinemateca Capitólio apresenta filmes que trazem à tona a sedução do dinheiro e a ganância desenfreada. Obras-primas como Weekend à Francesa, de Jean-Luc Godard, O Tesouro de Sierra Madre, de John Huston, Tragam-me a Cabeça de Alfredo Garcia, de Sam Peckinpah, destacam-se na programação, que também apresenta sessões gratuitas de três clássicos brasileiros realizados nos anos 1950: Amei um Bicheiro, de Jorge Ileli e Paulo Wanderley, Simão, o Caolho, de Alberto Cavalcanti, e Absolutamente Certo, de Anselmo Duarte.

MALDIÇÃO

No terceiro foco, intitulado Maldição, repercutiremos o ímpeto suicida da arte de Stroheim com obras que compartilham destinos amaldiçoados, como O Mensageiro do Diabo, único longa-metragem dirigido pelo ator Charles Laughton, Ishtar, filme que encerrou a trajetória da talentosa Elaine May como diretora em Hollywood, Dodeskaden – O Caminho da Vida, realização independente e ousada cujo fracasso levou Akira Kurosawa a uma depressão profunda, e Tudo é Brasil, filme-ensaio de Rogério Sganzerla em torno da obra interrompida de Orson Welles no Brasil.  

SESSÕES ESPECIAIS

A mostra Stroheim, Ouro e Maldição apresenta duas sessões especiais no mês de setembro: na sexta-feira, 06, às 19h, será exibido o longa gaúcho Desvios, que narra a história de um homem que roubou uma fortuna e precisou ficar escondido em um apartamento, comentada pelo diretor Pedro Guindani; no domingo, 15, às 17h, haverá uma exibição única de Out 1: Espectro, versão reduzida que Jacques Rivette e Suzanne Schiffman produziram a partir do projeto monumental Out 1: Não me Toque, concebido no início dos anos 1970. A sessão será apresentada pelo professor e pesquisador Milton do Prado.

 

FILMES

 

STROHEIM

 

Esposas Ingênuas

(Foolish Wives)

EUA, 1922, 146’, DCP

Direção: Erich von Stroheim

 

O vigarista Karamzin se faz passar por um aristocrata russo e vive do dinheiro de mulheres ricas que são atraídas pelos seus encantos e pelo seu título. Depois de se instalar em Monte Carlo, ele e suas cúmplices escolhem o próximo alvo: a esposa de um diplomata americano. Produção mais cara de sua época, remontada pelo estúdio Universal a contragosto de Stroheim.

 

Ouro e Maldição

(Greed)

EUA, 1924, 140’, digital

Direção: Erich von Stroheim

 

Após um bom tempo trabalhando em uma mina, McTeague se muda para a Califórnia, onde passa a trabalhar ilegalmente como dentista. No consultório, ele conhece e se casa com Trina, prima de seu amigo Marcus, também interessado nela. Um bilhete da loteria mudará o destino de todos. A obra-prima maldita de Stroheim será exibida na versão mais próxima daquela que foi lançada em 1924.

 

A Boneca do Diabo

(The Devil-Doll)

EUA, 1935, 75’, digital

Direção: Tod Browning

 

Paul Lavond é acusado de assassinato e roubo por seus associados e enviado para a Ilha do Diabo. Anos depois, quando Paul escapa com a ajuda de um cientista, ele jura vingança contra seus associados usando humanos miniaturizados. Último longa-metragem de horror dirigido pelo mestre Tod Browning, A Boneca do Diabo tem a colaboração de Erich von Stroheim na criação do roteiro.

 

A Grande Ilusão

(La Grande Illusion)

França, 1937, 114’, DCP

Direção: Jean Renoir

 

Um grupo de prisioneiros, oficiais franceses de origem social distinta, planeja escapar de campos alemães durante a Primeira Guerra, mas a transferência inesperada para uma fortaleza comandada por um aristocrata germânico traz à tona outros tipos de valores que também diferenciam os homens em castas. Em contraposição, o companheirismo entre os detentos oferece sentido prático à ideia abstrata de comunidade. Em um papel histórico, Erich von Stroheim interpreta o Capitão von Rauffenstein, comandante do campo de prisioneiros, em um dos filmes mais aclamados de Jean Renoir.

 

Crepúsculo dos Deuses

(Sunset Boulevard)

EUA, 1950, 115’, DCP

Direção: Billy Wilder

 

Uma estrela veterana do cinema mudo se recusa a aceitar que seu reinado acabou. Então ela contrata um jovem roteirista para ajudá-la a reconquistar o sucesso. O escritor acredita que pode manipular a atriz, mas percebe que está redondamente enganado. Erich von Stroheim interpreta Max von Mayerling, diretor de cinema mudo aposentado que acompanha a velha estrela, nesta obra-prima de Billy Wilder.

 

OURO

 

A Pérola

(La Perla)

México, 1947, 85’, digital

Direção: Emilio Fernandez

 

Quino, um mergulhador do povoado mexicano de La Paz, descobre no fundo do mar uma pérola que vale muito dinheiro. A descoberta, no entanto, acaba causando muitos problemas para o homem e sua família.

 

O Tesouro de Sierra Madre

(The Treasure of the Sierra Madre)

EUA, 1948, 125’, DCP

Direção: John Huston

 

México, 1925. Dobbs e Curtin foram tentar a sorte no país, mas as coisas não deram tão certo. Howard, um velho minerador, convence os dois a juntarem-se a ele na procura por ouro.

 

Amei um Bicheiro

Brasil, 1953, 88’, digital

Direção: Jorge Ileli e Paulo Wanderley

 

Carlos é um jovem ambicioso que troca o interior pelo Rio de Janeiro, onde acaba se envolvendo com o jogo do bicho. Depois de um tempo na cadeia, resolve mudar de vida ao se casar com Laura. Quando a mulher, com um problema de saúde, precisa de dinheiro, Carlos volta à antiga atividade e acaba desafiando o poderoso Almeida, um violento banqueiro do jogo do bicho.

 

Simão, o Caolho

Brasil, 1955, 96’, digital

Direção: Alberto Cavalcanti

 

História de um corretor caolho que quer, de qualquer maneira, recuperar seu olho perdido. Para tanto, submete-se até às experiências de um inventor maluco. O novo olho que consegue lhe dá poderes especiais, como a invisibilidade. Torna-se milionário com corridas de cavalo, envolve-se com magnatas do mercado de carne e decide entrar na política.

 

Absolutamente Certo

Brasil, 1957, 85’, digital

Direção: Anselmo Duarte

 

Após memorizar a lista telefônica, um rapaz que trabalha em uma gráfica resolve se inscrever em um programa de televisão de perguntas e respostas. Uma pequena quadrilha que controla as apostas tenta se aproveitar de sua ingenuidade.

 

Django Vem Para Matar

(Se Sei Vivo Spara)

Itália/Espanha, 1967, 100’, DCP

Direção: Giulio Questi

 

Nesta história de ganância, traição e perversão, Django é um fora-da-lei mestiço que é traído pelos companheiros de quadrilha, após assaltar uma diligência que carregava uma fortuna em ouro. Faroeste insólito do italiano Giulio Questi.

 

Weekend à Francesa

(Weekend)

França, 1967, 105’, DCP

Direção: Jean-Luc Godard

 

Um casal inescrupuloso planeja uma viagem ao interior da França, na tentativa de conseguir uma herança. No meio do caminho, encontram estradas completamente engarrafadas, acidentes automobilísticos graves, personagens de histórias infantis e guerrilheiros.

 

Banho de Sangue

(Reazione a Catena)

Itália, 1971, 84’, DCP

Direção: Mario Bava

 

A disputa por um pedaço de terra à beira de uma baía dá início a um banho de sangue que não poupará ninguém no local. Horror político de Mario Bava, grande mestre italiano, que influenciou a segunda parte do slasher Sexta-Feira 13.

 

Tragam-me a Cabeça de Alfredo Garcia

(Bring Me the Head of Alfredo Garcia)

EUA/México, 1974, 112’, DCP

Direção: Sam Peckinpah

 

Alfredo Garcia engravida a filha de um latifundiário mexicano que, tomado pela revolta, oferece 1 milhão de dólares por sua cabeça. Um músico arruinado descobre que o procurado já está morto e corta a cabeça do defunto para receber a recompensa.

 

Desvios

Brasil, 2016, 95’, DCP

Direção: Pedro Guindani

 

Daniel, um jovem corretor de valores de uma grande empresa de investimentos, dá um grande golpe em sua empresa, fazendo-a comprar 15 milhões em ações de uma empresa fantasma. Seu primo, o policial federal Romano, fica encarregado de obter um passaporte falso para que ele possa fugir do país, e recomenda que Daniel se esconda “por alguns dias” em um apartamento no centro da cidade, “até a poeira baixar”.

 

MALDIÇÃO

 

O Mensageiro do Diabo

(The Night of the Hunter)

EUA, 1955, 92’, DCP

Direção: Charles Laughton

 

Ao sair da prisão, um assassino de viúvas ricas persegue uma família para encontrar o dinheiro que o pai, que conhecera na cadeia, havia guardado em lugar não revelado. Fracasso de público e crítica nos anos 1950, esse filme único na história do cinema hollywoodiano deu início e fim à carreira de cineasta do brilhante ator Charles Laughton.

 

A Marca do Assassino

(Koroshi no Rakuin)

Japão, 1967, 90’, DCP

Direção: Seijun Suzuki

 

Ao voltar para Tóquio de sua lua de mel, Goro Hanada, o terceiro maior assassino de aluguel do Japão, que possui um fetiche por arroz branco, é contratado para um serviço por uma oculta organização criminosa. Ele executa a operação e, no processo, se depara com Misako Nakajo, uma colecionadora de borboletas que o contrata para um novo trabalho. A radicalidade do filme provocou a demissão do diretor Seijun Suzuki da produtora Nikkatsu, em 1968, em um caso célebre que abalou as estruturas do cinema japonês.

 

Dodeskaden – O Caminho da Vida

(Dodesukaden)

Japão, 1970, 140’, DCP

Direção: Akira Kurosawa

 

Em seu primeiro filme em cores, Kurosawa acompanha o dia a dia de um grupo de moradores de uma favela perto de Tóquio. Cada um deles – o pai e o filho sem teto que sonham com uma casa, a moça abusada pelo tio e o rapaz que imagina ser um motorista de bonde – buscam razões para continuar a viver. O fracasso do filme realizado de maneira independente levou o diretor japonês a uma forte depressão, que culminou com uma tentativa de suicídio em 1971.

 

 

Ishtar

EUA, 1987, 107 minutos, DCP

Direção: Elaine May

 

Lyle e Chuck, dois músicos medíocres de Nova York, são contratados para entreter tropas americanas em Ishtar, um pequeno país no norte da África. Os dois acabam se envolvendo com Shirra, uma misteriosa rebelde, e trabalhando para a CIA. Depois de Ishtar, filme absolutamente incompreendido em seu lançamento comercial, a genial Elaine May nunca mais realizaria trabalhos no cinema como diretora.

 

Tudo é Brasil

Brasil, 1997, 91’, digital

Direção: Rogério Sganzerla

 

Fragmentos de cinejornais organizados pelo diretor num filme-ensaio, Tudo é Brasil debruça-se sobre os bastidores do filme It’s All True, projeto interrompido de Orson Welles no Brasil, na década de 1940. No fim dos anos 1990, época em que o Brasil vivia o período da Retomada, o eterno outsider Sganzerla realiza mais uma bela transgressão cinematográfica a partir do legado maldito de Welles.

 

 

SESSÃO ESPECIAL

 

Out 1: Espectro

(Out 1: Spectre)

França, 1972, 260’, digital

Direção: Jacques Rivette e Suzanne Schiffman

 

Filme de investigação: tendo como base um livro de Balzac e um poema de Lewis Carroll, Colin tenta comprovar a existência de uma sociedade secreta e conspiratória. Paralelamente, dois grupos de teatro encenam uma tragédia grega. Apesar de seus 260 minutos de projeção, a versão original de Out 1 – um dos projetos mais radicais de Rivette – tem quase 13 horas de duração e até hoje teve raríssimas projeções.

 

 

GRADE DE HORÁRIOS

 

 

27 de agosto (terça-feira)

19h – Crepúsculo dos Deuses

 

28 de agosto (quarta-feira)

19h – A Grande Ilusão

 

29 de agosto (quinta-feira)

15h – Crepúsculo dos Deuses

17h – A Boneca do Diabo

19h – Esposas Ingênuas

 

30 de agosto (sexta-feira)

15h – A Grande Ilusão

17h – Crepúsculo dos Deuses

 

31 de agosto (sábado)

15h – A Boneca do Diabo

16h30 – Simão, o Caolho

18h30 – Ouro e Maldição

 

01 de setembro (domingo)

15h – A Pérola

16h30 – Amei um Bicheiro

 

03 de setembro (terça-feira)

15h – Simão, o Caolho

17h – Amei um Bicheiro

19h – Absolutamente Certo

 

04 de setembro (quarta-feira)

15h – Tragam-me a Cabeça de Alfredo Garcia

17h30 – A Pérola

19h – O Tesouro de Sierra Madre

 

05 de setembro (quinta-feira)

15h – Django vem para Matar!

17h – Banho de Sangue

19h – Tragam-me a Cabeça de Alfredo Garcia

 

06 de setembro (sexta-feira)

15h – O Tesouro de Sierra Madre

17h15 – Absolutamente Certo

19h – Desvios + debate

 

08 de setembro (domingo)

17h10 – Django vem para Matar!

19h15 – Weekend à Francesa

 

10 de setembro (terça-feira)

15h – Desvios

17h – Weekend à Francesa

19h – Banho de Sangue

 

11 de setembro (quarta-feira)

17h – Dodeskaden – O Caminho da Vida

19h30 – O Mensageiro do Diabo

 

12 de setembro (quinta-feira)

17h – Ishtar

19h – A Marca do Assassino

 

13 de setembro (sexta-feira)

17h – O Mensageiro do Diabo

 

14 de setembro (sábado)

15h – Dodeskaden – O Caminho da Vida

 

15 de setembro (domingo)

15h – Ishtar

17h – Out 1: Espectro

 

18 de setembro (quarta-feira)

19h30 – Tudo é Brasil

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