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Trás-os-Montes no Projeto Raros
15 de outubro de 2018

Na sexta-feira, 19 de outubro, às 19h30, a Cinemateca Capitólio Petrobras apresenta uma edição especial do Projeto Raros com a exibição do DCP restaurado do clássico português Trás-os-Montes (1976, 110 minutos) de António Reis e Margarida Cordeiro. Após a projeção, acontece um debate com a diretora e curadoraMarcela Bordin. Com apoio da Cinemateca Portuguesa, do Instituto Camões, do Consulado Português e do Instituto Moreira Salles, a sessão tem entrada franca.

TRÁS-OS-MONTES

Portugal, 1976, 110 minutos

Direção: António Reis e Margarida Cordeiro

Exibição em DCP

“Vejo, outra vez, as fotografias que tirei em Trás-os-Montes. Quase todas mentem. Nenhuma dor intolerável nelas ficou. Nenhuma esperança. Qualquer raiz”. António Reis (Trás-os-Montes, 1969)

As imagens de Trás-os-Montes podem sugerir a existência de um documentário sobre a região portuguesa que dá título ao filme. Ou a aproximação, numa narrativa em desvios, entre os jogos, os sonhos, as festas, os trabalhos e o manifesto político. Um filme que acontece entre a fabulação lúdica do “era uma vez” e a consciência social e histórica do “aqui está”. Mas também um filme que parece existir em todas as idades do cinema, do primeiríssimo, dos milagres dos Lumière, até o contemporâneo, no qual a influência portuguesa parece ter despertado o gosto pelas fabulações, narrativas e suas afluentes em todos os cantos do mundo. Nas palavras do grande crítico português João Bénard da Costa: “Trás-os-Montes”, que não é um documentário sobre a província desse nome, mas uma espécie de auto-sagrado, é um filme que se pode aproximar do realismo mágico, servindo o ténue fio narrativo da obra para realçar o lado mágico de personagens e paisagens, buscando raízes no nosso imaginário colectivo. Primitivismo e modernidade fundem-se no cinema antropológico de António Reis e de sua mulher, Margarida Cordeiro, recorrendo ao onirismo, ou a vestígios primevos (a sequência no Domus de Bragança, em que os actores dizem um texto de Kafka, vertido para mirandês) e manifestando total crença na força ressurgidora das artes.

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