Em meio ao cimento e aos tijolos do “progresso”, Lyuba, Mikhail e Nikolay constroem uma fábrica, e os alicerces de uma nova cidade. Por entre os vãos e frestas, um triângulo amoroso, e a consciência da pedra que falta.

Kira Muratova é uma cineasta nascida na Moldávia, país que faz fronteira com a Romênia e a Ucrânia, e por isso em muitos textos aparece como ucraniana. É provavelmente a diretora soviética mais conhecida, sobretudo por seus filmes que sofreram censura durante o período da União Soviética. Kira se formou no Instituto Estadual de Cinematografia da União Soviética – VGIK, em Moscou, especializada em direção.

Destaques da primeira fase de sua carreira são seus dois filmes de estreia da sua carreira solo, Breves Encontros (1967) e O Longo Adeus (1971). Românticos e focados em histórias individuais, ambos colocam em contraposição o velho e o novo, representados por personagens adolescentes e seus pais, sobretudo O Longo Adeus. Os filmes foram proibidos pelos censores soviéticos que consideraram esses estudos íntimos da vida emocional dos personagens como ameaças burguesas ao estado, principalmente pelo viés subjetivo dos temas e do modo de filmar. Após O Longo Adeus, a cineasta fica proibida de filmar até 1978, quando realiza Conhecendo o Grande e Vasto Mundo.

Trecho de texto de Juliana Costa para o curso Cinema Russo: Diretores, Diretoras e um pouco de história, ministrado ao lado de Ivonete Pinto.