De 28 de novembro a 08 de dezembro, a Cinemateca Capitólio apresenta a mostra Buñuel no México, com dez filmes da fase mexicana do grande diretor espanhol.
A sessão de abertura, na próxima terça-feira (28), às 19h30, exibe uma das grandes obras-primas de Luis Buñuel, O Anjo Exterminador, com apresentação do crítico de cinema Marcus Mello.
A programação destaca ainda as demais obras marcantes da história do cinema, como Os Esquecidos, Nazarín, O Alucinado e Simão do Deserto, com um recorte que passeia entre histórias de cunho social e narrativas abertamente surrealistas.
Um dos grandes criadores da vanguarda cinematográfica do período silencioso, Buñuel exilou-se da Espanha durante a Guerra Civil (1936-39). A partir dos anos 1940, radicou-se no México, onde deu início à fase mais produtiva de sua trajetória cinematográfica.
“Entre 1946 e 1964, de Gran Casino a Simón del Desierto, fiz 20 filmes no México (de um total de 32). Com exceção de Robinson Crusoe e The Young One, todos esses filmes foram rodados em língua espanhola com atores e técnicos mexicanos”, declarou o cineasta.
Com apoio da Versátil Filmes, a programação tem entrada franca.
SOBRE BUÑUEL
Luis Buñuel nasceu em 23 de fevereiro de 1900, em Calanda, na Espanha, e morreu a 29 de julho de 1983, na Cidade do México, vitimado por uma cirrose. Na juventude, frequentou a Universidade de Madrid, onde conheceu o poeta Federico García Lorca e o pintor Salvador Dalí, de quem se tornou grande amigo. Na França, nos anos 1920, torna-se assistente do realizador Jean Epstein, que reconhecerá nele grandes qualidades, incentivando-o a apostar fortemente numa carreira de realizador. A convite de Dalí, ele realiza Un Chien Andalou (Um Cão Andaluz, 1929), um título manifestamente surrealista e provocante que chocou multidões pelo seu simbolismo inconformista. Seguiu-se L’Âge d’Or (1930), outro filme experimental que ataca as normas sociais, cuja distribuição foi proibida pelas autoridades a pedido da Igreja Católica. Durante a Guerra Civil, mostrou-se um ativo opositor do General Franco, o que o obrigou a exilar-se primeiro nos Estados Unidos e depois no México. No país latino-americano, realizará a maior parte de suas obras-primas. O governo espanhol permitiu-lhe o regresso ao país em 1960, ano em que Buñuel realiza Viridiana (1961), que acabou proibido. De regresso ao México, Buñuel continuará a usar a sátira como arma: em El Angel Exterminador (O Anjo Exterminador, 1962) lança um ataque à moral burguesa e em Simón del Desierto (Simão do Deserto, 1965) lançou farpas sobre a Igreja Católica. Convidado para trabalhar na França, assinará obras célebres: Belle de Jour (Bela de Dia, 1967), La Voie Lactée (A Via Láctea, 1969), a coprodução franco-castelhana Tristana (Tristana, Amor Perverso, 1970) e Le Charme Discret de la Bourgeoisie (O Charme Discreto da Burguesia, 1972).
FILMES
Os Esquecidos
(Los olvidados)
México, 1950, 81 min, digital
Direção: Luís Buñuel
Cidade do México, anos 50. O adolescente El Jaibo foge do reformatório e volta para uma vida marcada pela miséria e falta de perspectivas. Prêmio de Melhor Direção em Cannes, esta obra-prima serviu de inspiração para “Pixote”, de Hector Babenco.
O Bruto
(El bruto)
México, 1953, 81 min, digital
Direção: Luís Buñuel
Capataz de um maldoso senhorio, Pedro, “O Bruto”, se apaixona pela filha do homem que ele havia assassinado. Sensacional mistura de melodrama e filme-denúncia com forte teor social, é um dos pontos altos da fase mexicana de Buñuel.
O Alucinado
(El)
México, 1953, 92 min, digital
Direção: Luís Buñuel
Francisco mantém a imagem de homem conservador e religioso. Após se casar com a ex-esposa de um amigo, ele demonstra ser paranoico e ciumento. Com fotografia do genial Gabriel Figueroa, este drama psicológico tece forte crítica à burguesia mexicana.
Ensaio de um Crime
(Ensayo de un Crimen)
México, 1954, 90 minutos, digital
Direção: Luís Buñuel
Conheça, em flashback, a fascinante história de Archibaldo de La Cruz, que confessa ser um serial killer. Em um interrogatório, conta à polícia reminiscências de sua vida, inclusive a origem de sua obsessão por mulheres. Mesclando suspense, psicanálise freudiana e humor negro, esta pequena obra-prima é cultuada por cinéfilos de todo o mundo, como o cineasta Pedro Almodóvar, que citou o filme em Carne Trêmula, e o crítico André Bazin.
Escravos do Rancor
(Abismos de Pasión)
México, 1954, 91 min, digital
Direção: Luís Buñuel
No México rural do século XIX, Alejandro reencontra Catalina, o grande amor de sua vida, casada com um rico latifundiário. Adaptação cinematográfica do mestre Luis Buñuel para O Morro dos Ventos Uivantes, o célebre romance gótico de Emily Brontë.
A Morte Neste Jardim
(La Mort en ce Jardin)
México/França, 1956, 104 min, digital
Direção: Luís Buñuel
Em meio a uma revolução iniciada por garimpeiros num país da América do Sul, um grupo precisa se aventurar na floresta, para fugir da polícia. Com forte comentário político, essa é mais uma pérola da fase mexicana de Buñuel.
Nazarin
(Nazarín)
México, 1959, 95 min, digital
Direção: Luís Buñuel
O humilde padre Nazarín vive e compartilha sua pobreza com os necessitados, mas após proteger uma prostituta, é expulso de seu vilarejo e começa uma peregrinação… Prêmio Internacional no Festival de Cannes, este é um dos maiores filmes de Buñuel.
A Adolescente
(The Young One)
México/EUA, 1960, 95 min, digital
Direção: Luís Buñuel
Músico de jazz negro vai para uma ilha, fugindo de uma falsa acusação de estupro. Lá torna-se amigo de uma adolescente órfã. Menção Especial no Festival de Cannes, esta é a única produção de Buñuel filmada em inglês. Uma verdadeira pérola.
O Anjo Exterminador
(El Ángel Exterminador)
México, 1962, 93 minutos, digital
Direção: Luís Buñuel
Um jantar numa mansão após uma noite de ópera. Os convivas, por uma razão inexplicável, não conseguem deixar a residência.
Simão do Deserto
(Simón del Desierto)
México, 1965, 45 min, digital
Direção: Luís Buñuel
Simão é um religioso que deseja se aproximar de Deus. Para isso, sobe numa coluna no deserto. Porém, o demônio quer seduzi-lo. Fascinante estudo, repleto de ironia, sobre o fanatismo religioso. Prêmio Especial do Júri em Veneza.
GRADE DE HORÁRIOS
28 de novembro
19h30 – O Anjo Exterminador
29 de novembro
17h – O Bruto
19h30 – Os Esquecidos
30 de novembro
17h – Escravos do Rancor
19h30 – A Adolescente
01 de dezembro
17h – Nazarín
02 de dezembro
17h – Simão do Deserto
03 de dezembro
17h – Ensaio de um Crime
19h – O Alucinado
05 de dezembro
17h – A Adolescente
19h30 – Escravos do Rancor
06 de dezembro
17h – Simão do Deserto
18h – Os Esquecidos
19h30 – Nazarín
07 de dezembro
15h – Ensaio de um Crime
17h – O Bruto
19h30 – A Morte Neste Jardim
08 de dezembro
15h – O Alucinado
17h – O Anjo Exterminador
Mais informações, imagens e solicitações de entrevista com:
CAROL ZATT ASSESSORIA
carolinezatt@gmail.com – (51) 9 9737-7031