O Goethe-Institut Porto Alegre e a Cinemateca Capitólio promovem entre 13 e 24 de novembro a mostra O Cinema da Alemanha Oriental, com doze obras realizadas entre 1946 e 1990 pela DEFA (Deutsche Film-Aktiengesellschaft), a produtora estatal da República Democrática Alemã. Em 2021 são celebrados os 75 anos da produtora que, na altura da reunificação alemã, havia produzido mais de 700 longas-metragens e cerca de 2.500 curtas e documentários.
O panorama histórico da mostra revela diversas facetas das produções da DEFA. Integram a programação os clássicos Os Assassinos Estão Entre Nós, lançado logo após o fim da Segunda Guerra Mundial, Berlim – Esquina Schönhauser, retrato da rebeldia juvenil nos anos 1950; obras modernas e polêmicas, realizadas em sintonia com as Nouvelle Vagues dos anos 1960, como O Céu Dividido, O coelho sou eu, Karla e Rastro de Pedras; e filmes de grande apelo popular como A Lenda de Paul e Paula e o musical Solo Sunny, um êxito arrebatador de público e influência para a moda de toda uma geração jovem do leste alemão no fim dos anos 1970.
Os últimos anos da Alemanha Oriental são retratados em obras impactantes como Coming Out, marco do cinema queer dos anos 1980, e Adeus, Inverno, uma pequena obra-prima documental realizada pela jovem diretora Helke Misselwitz. A mostra tem curadoria da Coordenação de Cinema e Audiovisual de Porto Alegre.
FILMES
A Lenda de Paul e Paula (Die Legende von Paul und Paula)
Heiner Carow, 106 min., 1972
Paul e Paula tiveram más experiências amorosas na vida. Paul é bem sucedido financeiramente, mas não ama mais a esposa. Paula tem uma vida problemática por ser mãe solteira e ter que criar seus dois filhos sozinha. Ambos se conhecem e se apaixonam. A vida parece um sonho quando estão juntos, mas a realidade, vez ou outra, faz questão de vir à tona devido aos laços de Paul com sua família e carreira.
Adeus, Inverno (Winter ade)
Helke Misselwitz, 116 min., 1989
Um ano antes da queda do Muro, a documentarista Helke Misselwitz viaja de trem de norte a sul na Alemanha Oriental para descobrir “como os outros viviam e queriam viver“. No caminho, encontra as mais diferentes mulheres que, em parte voluntariamente, em parte forçadas pelas circunstâncias, buscam sua liberdade pessoal e falam de suas preocupações e de suas esperanças.
Berlim – Esquina Schönhauser (Berlin – Ecke Schönhauser)
Gerhard Klein, 79 min., 1957
Um grupo de jovens em conflitos existenciais que convivem com as normas de uma sociedade dividida. “Berlim – Esquina Schönhauser” se dedica aos jovens então classificados pela coletividade socialista como “atípicos”: dançam em lugares públicos músicas ocidentais ouvidas em rádios portáteis e usam penteados e gestos pautados pela estética “inimiga”.
Coming Out
Heiner Carow, 112 min., 1989
Coming Out conta a história de Philipp, um jovem professor que está confuso sobre sua sexualidade e está casado com uma colega para manter as aparências. Uma noite, ele entra em um bar gay e conhece Matthias, um jovem de 19 anos que rapidamente se interessa por Philipp. Philipp terá que decidir que rumo tomará em sua vida.
Karla
Herrmann Zschoche, 134 min., 1965
Karla Blum, uma jovem professora, se forma na universidade com boas notas e assume com entusiasmo uma vaga na escola onde deve ensinar. Ela é o tipo de pessoa a quem é importante ter uma opinião própria e não aceitar soluções simplistas e, assim, não quer ensinar alunos como papagaios. Entretanto, muitos de seus alunos já não sabem mais como fazer perguntas, argumentar ou procurar soluções de forma independente.
O Céu Dividido (Der Geteilte Himmel)
Konrad Wolf, 113 min., 1964
1961 na Alemanha Oriental, pouco antes da construção do Muro. Depois de um colapso nervoso, Rita Seidel deixa a cidade de Halle e retorna a seu vilarejo, em busca de tranquilidade. Na fábrica e na universidade, ela enfrenta conflitos com políticos oportunistas e ideólogos linha-dura. O céu dividido, realizado poucos anos após a construção do Muro, é um dos longas mais ousados já rodado na Alemanha Oriental, não apenas por sua dramaturgia, mas pela proposta de questionar a responsabilidade dos conflitos de seu tempo.
O Coelho Sou Eu (Das Kaninchen bin ich)
Kurt Maetzig, 113 min., 1965
Feito em 1965 para encorajar a discussão sobre a democratização da sociedade da Alemanha Oriental, o filme foi rapidamente banido por autoridades como um ataque ao Estado. Nele, uma jovem estudante tem um caso com um juiz hipócrita que uma vez sentenciou o irmão da jovem por suas atividades políticas; ela acaba por confrontá-lo com o seu oportunismo e contribuição para a injustiça.
O Muro (Die Mauer)
Jürgen Böttcher, 96 min., 1990
Um documentário poético e enigmático do pintor e cineasta Jürgen Böttcher, que confia na visão e no som para contemplar o significado histórico e simbólico do Muro de Berlim. Turistas japoneses fotografam, crianças quebram pedaços para vender, equipes de filmagem em ação. Sem diálogos diretos, o filme destaca os últimos dias do Muro e sua destruição antecipada.
O Terceiro (Der Dritte)
Egon Günther, 1972, 111min
Margit Fließer é uma mulher na casa dos 30 anos que trabalha em uma empresa de médio porte como matemática. Com dois filhos, ela já se desiludiu e se divorciou duas vezes. Margit é um tanto tímida e reprimida, mas decide tomar as rédeas de sua vida amorosa e ir em busca de um terceiro parceiro, ao invés de deixar esta chance ao destino e ao acaso.
Os Assassinos Estão Entre Nós (Die Mörder sind unter uns)
Wolfgang Staudte, 81 min., 1946 Berlim em ruínas, ano de 1945. Susanne Wallner é obrigada a dividir seu apartamento com um ex-cirurgião alcoólatra, Dr. Mertens. Ambos tentam sobreviver, encarando os traumas de um passado recente, em meio a uma Berlim destruída. Mertens encontra Brückner, seu ex-capitão e responsável pela execução de dezenas de civis durante a guerra. Brückner é agora um empresário de sucesso e Mertens decide fazer justiça com as próprias mãos.
Rastro de Pedras (Spur der Steine)
Frank Beyer, 129 min., 1966 Na grande obra de Schkona, quase tudo vale como justificativa para lutar pelo cumprimento do planejamento econômico e material da construção. O brigadeiro Balla e seus homens desfrutam de uma liberdade extravagante, pois seu estilo de trabalho pouco ortodoxo prova ser muito eficiente. Quando a jovem tecnóloga Kati e o novo secretário do partido Horrath chegam à obra, os conflitos começam a surgir e Balla tem que se posicionar. “Rastro de pedras” foi censurado em dezembro de 1965 e só voltou a ser exibido em novembro de 1989.
Solo Sunny
Konrad Wolf, 104 min., 1978
Alemanha Oriental, final da década de 1970: Ingrid Sommer, uma jovem operária, tenta fazer carreira como cantora com o nome “Sunny”. Com a banda Tornados, a jovem percorre o interior. Sua vida não é nenhum mar de rosas, por mais que o amor pelo filósofo Ralph seja, por algum tempo, uma promessa de felicidade e afeto. Uma história que oscila entre a tristeza e a esperança – e, retrospectivamente, um filme admiravelmente preciso e autêntico sobre a vida na Alemanha Oriental.
GRADE DE PROGRAMAÇÃO
13 de novembro (sábado)
15h – Os Assassinos Estão Entre Nós
17h – Berlim – Esquina Schönhauser
19h – Adeus, Inverno (apresentação do Cineclube Academia das Musas)
14 de novembro (domingo)
15h – O Terceiro
17h – Solo Sunny
19h – Rastro de Pedras
16 de novembro (terça)
15h – Berlim – Esquina Schönhauser
17h – O Céu Dividido
19h – Karla
17 de novembro (quarta)
15h – O Coelho Sou Eu
17h – O Terceiro
19h – A Lenda de Paul e Paula
18 de novembro (quinta)
15h – Solo Sunny
17h – Coming Out
19 de novembro (sexta)
15h – Os Assassinos Estão Entre Nós
16h30 – Rastro de Pedras
19h – O Céu Dividido
20 de novembro (sábado)
17h – O Muro
21 de novembro (domingo)
17h – Coming Out
19h – O Coelho Sou Eu
23 de novembro (terça)
15h – A Lenda de Paul e Paula
17h – O Terceiro
19h – Karla
24 de novembro (quarta)
15h – Adeus, Inverno
17h – O Muro