Horários
O mundo perdido de Vittorio De Seta
– Ilhas de fogo (Isole di fuoco, 1954, 11min, 35 mm para DCP)
– Minas de enxofre (Surfarara, 1955, 11min, 35 mm para DCP)
– Páscoa na Sicília (Pasqua in Sicilia, 1955, 10min, 35 mm para DCP)
– Camponeses do mar (Contadini del mare, 1955, 11min, 35 mm para DCP)
– Parábola do ouro (Parabola d’oro, 1955, 10min, 35 mm para DCP)
– Barcos pesqueiros (Pescherecci, 1958, 11min, 35 mm para DCP)
– Pastores de Orgosolo (Pastori di Orgosolo, 1958, 11min, 35 mm para DCP)
– Um dia na Barbagia (Un giorno in Barbagia, 1958, 11min, 35 mm para DCP)
– Os esquecidos (I dimenticati, 1959, 21min, 35 mm para DCP)
O siciliano Vittorio De Seta (1923-2011) veio de uma família aristocrata da Calábria. Ele estudou arquitetura, porém antes de se formar partiu para a Segunda Guerra Mundial, sendo capturado pelos nazistas e levado para um campo de concentração na Áustria. O evento marcou profundamente sua vida, e quando voltou para a Itália, começou a trabalhar com cinema como assistente de direção. Pressentindo o desaparecimento iminente de tradições milenares, ele mergulhou em uma jornada para registrar a vida cotidiana em regiões da Sicília, Sardenha e Calábria.
Os 10 curtas-metragens documentais resultantes, realizados entre 1954 e 1959, foram, em sua maioria, fotografados pelo próprio cineasta, sem um roteiro pré-definido e com uma equipe pequena. De Seta foi um dos primeiros cineastas italianos a utilizar som direto, e, sua prática de trabalhar com vistas panorâmicas e imagens coloridas em 35 mm também mostrou um desejo de criar um registro completo e preciso. Sua esposa, Vera Gherarducci, trabalhou como assistente de direção e exerceu um papel crucial na comunicação com os camponeses, principalmente as mulheres, abrindo uma porta de entrada para suas vidas íntimas.
Com uma estrutura simples, que em geral descrevia um dia na vida de mineradores, pescadores, agricultores e pastores, do início da manhã até a noite, os filmes mostram práticas que deixaram de existir alguns anos após as filmagens, como a pesca do peixe-espada – uma tradição fenícia de mais de dois mil anos – que cessou em 1956. A Itália passou por uma transformação econômica e tecnológica no início da década de 60 que resultou na migração dos povos do sul para o norte do país, Europa e América do Norte. A mina de enxofre fechou, a rede da pesca do atum deixou de ser utilizada e o trigo deixou de ser batido manualmente.
Quando foram lançados, os filmes passavam individualmente em escolas e antes de exibições de longas-metragens (uma prática então comum na Itália). Mas, com suas restaurações analógicas na década de 90 pela Cinemateca de Bolonha (https://cinetecadibologna.it/), foram relançados como uma série que De Seta chamou de “O mundo perdido”. Eles foram restaurados em 4K pela Cinemateca de Bolonha em 2019, a partir dos materiais depositados na instituição pelo cineasta, que incluíram todos os negativos originais de som e negativos em 35 mm de imagem de oito dos filmes. Estas novas restaurações vão passar na Cinemateca Capitólio.
A sessão dos filmes de Vittorio De Seta é realizada pelo Consolato Generale d’Italia a Porto Alegre (Consulado Geral da Itália em Porto Alegre).